ANIMAIS: CONFLITO DE INTERESSES NA CAPITAL
Por Vanessa
Enquanto
o mercado pet cresce e se destaca em São Paulo, ONGs e associações se mobilizam
para recuperar milhares de animais em estado de abandono e maus-tratos na
cidade.
Esperança é a palavra que
define a luta de milhares de defensores dos animais e ONGs que lutam para o bem-estar
e respeito à vida dos não humanos. Na mesma proporção em que o mercado pet cresce
e atende um público cada vez mais exigente, que procura o que há de melhor no
mercado para seus domesticados, animais são abandonados e maltratados em todo país.
Em São
Paulo, por exemplo, quase metade da população, (48%) possui algum animal de
estimação. São cerca de 2,5 milhões de animais domesticados, segundo estimativa
de um estudo da Vigilância Sanitária em parceria com a USP. É praticamente um
cachorro para cada quatro habitantes.
A cidade ainda enfrenta o dilema do que fazer
com os cães perdidos e abandonados que vagam pelas ruas. Antigamente, animais
direcionados para o Centro de Zoonoses eram sacrificados. Com a lei que proíbe
a prática da eutanásia, as Zoonoses estão operando com 100% de sua capacidade e
só fazem recuperação de animais que estejam em estado de risco para a própria
vida ou para saúde pública.
Com
cerca de 340 animais, a Zoonoses/SP recebe visitas todos os dias. Em média 50
cães são adotados todos os meses, números relativamente altos, pelas dificuldades
existentes para adotar um animal. ONGs e simpatizantes da causa promovem toda
semana feirinhas para que os bichinhos encontrem uma nova família.
Porém,
a lotação das Organizações Não Governamentais (ONGs) de proteção animal é um
problema decorrente, pois opera acima de sua capacidade total, além disso, não
conseguem encontrar lares suficientes para suprir a demanda diária de animais
abandonados na cidade. “Há um certo preconceito por parte das pessoas, elas
acham tudo muito bonito, mas quase ninguém quer ajudar uma ONG ou ser vizinha de uma sede.”,
diz dona Francisca, fundadora da ONG Loucos por bichos. “A cada 10 animais que recolhemos
só uns dois ou três são adotados, o pessoal quer filhotinho de raça, mas a
maioria dos animais são vira-latas adultos”, afirma ainda Francisca, com
indignação.
Animais
abandonados já não fazem parte somente da paisagem dos centros urbanos, mas de
toda a sociedade civil e representa um problema social. A medida habitual entre
os indivíduos que adotam ou compram animais sem antes se conscientizarem sobre
os cuidados e responsabilidades que um pet precisa, é um dos principais
causadores do abandono. Entre os motivos mais decorrentes também estão à sujeira
em casa, não adaptação do animal com o dono, outro animal ou à rotina; uivo ou
latido, comportamento destrutivo dentro ou fora de casa; hiperatividade e
outras causas previsíveis e comuns ao comportamento do animal doméstico.
A
respeito dessa prática que fere os direitos dos animais, hoje, as ONGs e associações,
em sua maioria, tem um projeto de Adoção Responsável, entre os 10 mandamentos
da A.R., estão uma visita periódica para monitorar o tratamento dado aos
animalejos, tela nas janelas, espaço para brincar e manutenção da saúde dos
bichos. Essas medidas visam à diminuição nas práticas de maus-tratos e abandono.
“Nós explicamos tim-tim por tim-tim para que eles não apareçam aqui com a maior
cara lavada dizendo que “Não deu certo”, declara Cleonice, voluntária da Loucos
por Bichos e protetora de150 cães e gatos.
A
relação do homem com cão e com gato é reconhecida como um dos mais estreitos
vínculos entre espécies na natureza. Não é por acaso que eles são chamados de
“animais de companhia”, pois interagem com o homem, de quem recebem e oferecem
atenção e carinho. Porém, essa relação é, por vezes, muito turbulenta, pois
muitas pessoas adotam ou compram um animalzinho, acreditando que aquele não
trará nenhum problema. Entende se aqui que problemas são as necessidades que todos
os seres vivos compartilham como, necessidades fisiológicas, saúde e
comportamento. A não conscientização à cerca desses fatores, representa o
principal fator de abandono.
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