Verde e amarelo transformado em cinzas
Por Gui Barreto
Estádio lotado, camisas amarelas estampando arquibancadas,
vozes eufóricas, rostos pintados e um hino que diz: "Pátria amada Brasil.”
Quantos artefatos para um resultado humilhante! Talvez isso esteja se passando
na mente de mais de 200 milhões de brasileiros. No entanto, mais humilhante
ainda é a atitude dos torcedores ao se levantarem e deixaram o templo de
adoração futebolística. E pior, aplaudirem o adversário ainda em jogo. Mas, isso ainda é apenas uma fagulha das
cenas, que, inescapavelmente ficarão em nossas memórias.
E assim o tempo foi avançando, no lugar cujo verde e amarelo
começou a perder seu brilho. E ai nos perguntamos: seria culpa de um goleiro
que parecia a bela adormecida? Ou pior, seria culpa dos jogadores que estavam
desordenados? Sabe, talvez não seja culpa de ninguém. Porém, uma verdade se
consolida: o nosso futebol conseguiu se aproximar da saúde, educação e
transporte. Não seria esse um momento de oração?
Todavia, perante toda essa situação, entre roer as unhas,
chorar e se revoltar, é imprescindível que compreendamos os vários víeis das
circunstâncias, ou seja, viver é a eterna arte do equilíbrio. Um equilíbrio
entre as perdas e ganhos. Será que conseguimos imaginar, ou se quer nos colocar
no lugar dos jogadores? Como estavam
seus psicológicos? O que eles poderiam esperar depois de cinco gols no primeiro
tempo? Então, sejamos mais tolerantes e olhemos por esse ângulo, isto é, no que
diz respeito a entender que vencedores não são apenas aqueles que sobem ao
pódio ou erguem uma taça brilhante. E sim aqueles no qual a garra pelo que se
faz permanece firme até o fim, acreditando que ser campeão, ás vezes é uma
questão de dar o seu melhor.
Portanto, em meio a tudo que foi visto, o que podemos fazer
é continuar, porque embora o amor ao País seja tão grande quanto à tristeza
sofrida; é importante entendermos que o salário dessa gente não deixará de ser
milionário, que os hospitais ainda estão miseráveis, e que a roubalheira
continua a avançar fronteiras. E nós que
torcemos tanto? Continuamos acreditando numa anarquia divina. Isso se o
espírito de Hitler deixar o corpo dos convidados, que, elegantemente vestiram-se
de vermelho e preto.
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