Comunicação como via de mão dupla?
Comentário de Ronaldo Lages
Protestos no Brasil nos faz repensar a função da comunicação e da imprensa
Ao assistir em alguns canais de TV a cobertura das atuais
manifestações no Brasil, em específico da cidade de São Paulo, uma coisa me
chamou a atenção na “Record News”, o repórter que sobrevoava com helicóptero a
região, não era um “repórter”, mas sim, um representante da polícia: Comandante
Hamilton.
Como o principal representante da cobertura do
acontecimento pode ser de tamanha parcialidade? Era evidente a demonização dos
ativistas por parte do “piloto repórter”, que na dúvida, não desempenha de
maneira satisfatória nenhuma das duas funções. Os comentários eram os mais
espúrios possíveis, Hamilton invertia o jogo, denunciava a “violência” dos
rebeldes sem dó.
Entretanto,
os tempos são outros, a comunicação midiática tornou uma via de mão dupla, as redes sociais
possibilitam a resposta contrária em tempo real, o que se via na TV, era
imediatamente desmentido no Twetter, Facebook entre outras. O uso inteligente
das tais ferramentas se torna cada vez mais eficaz, nunca foram publicadas
tantas fotos dos abusos da polícia como nessa semana, o que a TV ocultava, a
Internet descobria. Os mais sensacionalistas como José Luís Datena(Bandeirantes),
se assustou com os resultados de uma pesquisa que tentava manipular
descaradamente no ar.
Importante
enaltecer também, a ‘virada de casaca’ do grupo FOLHA, que até um dia antes de
ter repórteres alvos de violência policial apoiava o Estado, mudou o enfoque e
deu abertura para mostrar a realidade e transformar a repórter Giuliana Vallone
em mártir. O momento é propício para repensar a imprensa do futuro, avaliar o
que se vê na grande mídia e fazer militância jornalística responsável em redes
sociais na Internet. Um belo estudo de caso que poderá redimensionar o
jornalismo do futuro.
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