Por Vander Felipe
Um fato me chamou atenção hoje lendo alguns jornais pelo mundo por
meio da web. O jornal espanhol ‘Marca’, trouxe, tanto no impresso quanto na sua
versão na internet, a seguinte manchete: “El Camp Nou registra la peor entrada de la temporada”, que numa tradução livre para o português
pode ser traduzido assim: “O Camp Nou registra o pior público da
temporada”. E a matéria continua assim:
“El Camp Nou ha registrado, en el partido
de vuelta de los cuartos de Copa del Rey ante el Levante, una asistencia de
25.551 espectadores, la entrada más baja de la temporada. El horario -22.00
horas-, la intensa lluvia que ha caído en la capital catalana y el resultado de
la ida (1-4) no han ayudado para que el estadio azulgrana -con un aforo de
98.787- llegara a la media entrada”.
De maneira bem resumida, o jornal diz que o público de 25.551 torcedores
foi o pior da temporada no Camp Nou, casa do Barcelona. A publicação ainda
ressalta que esses torcedores são verdadeiros heróis, pois a partida teve
início às 22h (horário local) sob uma forte chuva que caiu na Catalunha, somado
ao fato de que o Barça garantiu a classificação no primeiro certame ao vencer o
rival por 4 a 1.
Segundo o jornal Marca, o Barcelona leva em média 98.787 fãs do time
catalão aos jogos em casa. Isso não é nem de longe a realidade em que o “país
do futebol”, o Brasil, vive. Em nosso território a média de público em jogos
importantes é bem menor.
Na mesma quarta-feira, 29/01/2014, na Vila Belmiro um clássico
envolvendo Santos x Corinthians às 22h registrou o público total de 8.050
torcedores. No estádio do Morumbi, no mesmo horário, o São Paulo enfrentou o
Rio Claro para um público total de 5.895.
Na quinta-feira, 31/01/2014, o Palmeiras venceu o Penapolense por 1 a 0,
no estádio do Pacaembu, às 19h30, com um público de 11.232 pessoas.
Observe que somados o total de público nos estádios em partidas dos
quatro grandes clubes do estado de São Paulo teremos 25.177 pessoas, o que não
supera o “pior” público do ano para o Barcelona de 25.551 espectadores.
E o problema de estádios vazios não é só em São Paulo. No Rio de
Janeiro, o Fluminense venceu o Resende no Maracanã por 1 a 0, na quarta-feira,
29/01/2014, às 22h com um público total de 6.995 torcedores.
No mesmo dia, o Vasco goleou o Audax-RJ no estádio Raulino de Oliveira
por 4 a 0 para um público de sabe quanto? 3.424 torcedores. Acredite se quiser.
E sabe o horário da partida? Às 19h30.
O Botafogo jogou a Libertadores fora de casa e o Flamengo não divulgou o
público do jogo. Mas de acordo com as imagens, a maior torcida do Brasil não
compareceu e o público também foi pequeno.
Usei como exemplo os dois campeonatos estaduais mais badalados do Brasil
para mostrar que o torcedor do Rio de Janeiro e de São Paulo não vai mais aos
estádios de futebol. Hoje, um público de aproximadamente 25.000 pessoas em um
jogo que não vale nada se torna um grande público para nós.
Na Espanha, mesmo com toda crise que o país vive as pessoas não deixam
de ir aos jogos e prestigiar o time de coração, pois as condições são outras.
Os estádios são seguros, é tudo bem organizado e há campanhas de incentivo para
os fãs comparecerem à Arena. O que não acontece, infelizmente, no Brasil.
Por aqui o ingresso mais barato custa R$ 60 e os estádios não têm
condições de infraestrutura adequada a fim de dar total conforto ao torcedor,
com pontos cegos, por exemplo, o que faz com que os apaixonados prefiram o
conforto de seu respectivo lar em detrimento aos estádios.
Os cartolas do nosso futebol precisam ficar com os olhos bem abertos e
atentos a esses números para que as Arenas do nosso país não fiquem cada vez
mais vazias. Hoje é necessário entender porque o torcedor deixa de ir ao campo
ver o seu time para que medidas sejam tomadas.
É a violência? É a falta de infraestrutura? É o preço dos ingressos? O
que está afastando o verdadeiro amante do futebol dos estádios?
Não quero ficar aqui defendendo que tudo na Europa é melhor e que nós
não sabemos nada. O que eu quero é tentar entender o motivo que afasta o fã
d’esporte dos certames in loco.
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